Ushuaia 11

24 de novembro de 2010.


Olá povo!


Enfim, como dissemos na última mensagem, estamos de retorno. Nestes 4 dias desde a última comunicação, avançamos bastante pela Argentina, sempre no sentido norte ou nordeste, em busca de Foz do Iguaçu, onde faremos o paso final até a terra pátria.


A volta tem outro gosto, diferente, mas igualmente desejado como na ida. O objetivo muda… antes as paisagens incríveis do fim do mundo e agora, a nossa casa, a nossa cama e principalmente, o nosso amado arroz com feijão!!!


De Puerto San Julian, no sul patagônico (redundante isso não??) partimos cedo querendo ao máximo fugir daquele vento horripilante do dia anterior, do frio e de todas as hostilidades desta região (vento, chuva, neve, bichos na estrada, rípio, frio, isolamento, entre outras assombrações). Isso porque as belezas e a magia da patagônia já havia sido deslindada… e valeu a pena cada perrengue que pegamos, na ida e na volta. Bastava ver as fotos na máquina que retomávamos o sorriso após os trechos mais chatos.


Neste dia, de San Julian atingimos Sierra Grande, já quase fora da Patagônia (norte). Foram 1005 km num único dia, que foi longo e claro, com bastantes contratempos também. Pra começar, a moto parou de funcionar logo após abastecermos em Tres Cerros (uns 160km de San Julian). Daí foi aquele sufoco… a moto estragou, pifou, problema mecânico ou sujeira no combustível? Tudo passou na nossa cabeça… Depois de muitas tentativas, ela funcionou, andamos um pouco e perdeu potência, desligou! Mais uma vez… Por fim, voltou a funcionar e o trecho até Comodoro Rivadavia foi tenso por medo de ficarmos naquele deserto sem qualquer apoio ou resgate. Certamente foi sujeira na gasolina, pois depois não houve mais problema, até agora. Seguimos viagem neste trecho ainda com vento incômodo, mas não tão forte como no dia anterior, até chegarmos na região de Salamanca novamente, onde na ida tínhamos pegado neve. O vento estava de Noroeste (contra) e a partir de Salamanca, mudou para Sudoeste (a favor) e mais pra frente, na região de Trelew, a Nordeste, novamente contra, mas mais tranquilo. Como pode uma coisa dessas… a região é toda aplainada, uns poucos planaltos de uns 200metros… Enfim chegamos a Sierra Grande, onde dormimos, bem cansados, mas felizes por ter passado pelo pior. Vale comentar que neste dia cruzamos na Ruta 3 com 73 motociclistas em sentido contrário, por horas os avistamos. Estavam voltando de um encontro de moto em Rio Negro.


Bem, os dias seguintes foram de muita estrada e poucas novidades. Estávamos apreensivos em conseguir chegar em BsAs num bom horário para fazer a revisão da moto (que está na garantia) e no mesmo dia seguir viagem pra fugir daquela fuzarca toda de grande metrópole. Entre Sierra Grande e Benito Juarez onde pernoitamos, fizemos outra vez uma grande pernada, de uns 900km, mas bem mais tranquilos, com muito menos vento e tempo sempre bom. Benito Juarez é muito simpática, uma gracinha de cidade, foi super legal pois chegamos ainda cedo, com bastante sol e o hotel foi confortável.


No dia seguinte seguimos rumo à concessionária BMW em Pilar (região metropolitana de BsAs). Custamos a chegar, não pela estrada, mas sobretudo pela confusão no trânsito, nos últimos 40km. Fizemos a revisão, ficamos parados na loja umas 5h, e seguimos no mesmo dia para já conhecida Gualeguaychú, onde pernoitamos no mesmo bom hotel. Este trechinho da viagem até lá foi no entardecer e umas 2h a noite… definitivamente não é seguro transitar de moto em estradas à noite… mesmo num trecho duplicado, bom asfalto, tivemos momentos tensos. Por exemplo, um gato surgiu do nada na frente da moto, enquanto estávamos a uns 110km por hora! Bem, o ABS da moto funciona mesmo, incrível como segurou a tempo, antes do pobre bichinho se tornar tintura vermelha em nossas negras roupas de motociclistas! Todos a salvo…


Bem, enfim, estamos a 1km do Brasil agora, está até pegando celular. Estamos em Paso de Los Libres, cidade fronteiriça com nosso país, ao lado de Uruguaiana-RS. Não vamos atravessar a fronteira por aqui não, voltamos ainda pela Argentina até Foz… vamos seguir aquela tripinha de Argentina que na Guerra do Paraguai os caras ceifaram de nossos outros hermanos (salvo engano…). A viagem hoje foi mais curta para descansar (uns 453,8km aproximadamente), mas o sol infernizou o trecho. Pelo menos não choveu, chegamos cedo e o quarto tem aire condicionado.


O próximo relato será em Brasília, pessoal! Daí então vamos recheá-lo com as fotos e tornar mais críveis os supostos exageros narrativos, tá bem?! Claro, estamos acelerando um pouco a volta, pois pretendemos nos quedar uns dias em Londrina, onde temos nosso sobrinhos chiquititos para apertar muito!


Desculpem as longas mensagens dessa novela sobre a ida ao Fim do Mundo em duas rodas… da qual voltamos felizes, boquiabertos e satisfeitos!


Hasta! Cristiano e Mariana





Em Salamanca, agradecendo pela ajuda prestada na ida, quando pegamos neve no caminho

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